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QUANDO A LUA ENTRA NO SOL
Tipo de projeto
Escultura em bambu
Data
2025
Local
Museu de Arte do Rio
Há rasuras em diversas tradições e modos de fazer/pensar que impossibilita informações historiográficas e construção e manutenção
de memórias e imagens que ajudariam a entender como se organizaram e se organizam as ciências e as encantarias do tempo.
Com isso, para além de um desejo e de uma identificação, a escultura é exercício de perseguir caminhos para chegar a algumas compreensões sobre tecnologias para cruzar os mundos, em diferentes territórios e a partir de formas variadas, de modo a dialogar com suas tradições, seus percursos historiográficos e sentimentais.
Diante de tal pensamento, meu trabalho é desenvolvido junto ao exercício da escultura e da palavra. É assim que me coloco a compreender as metodologias de encanteria como lugar de produção de imagem, matéria e manifestação que passa pela forma como possibilidade de fabulação. Interessa-me, portanto, os processos de produção de sentido para evidenciar em gestos, as coreografias do desejo e da imaginação. Assim, é a relação com a palavra e suas formas criadas que me proporciona novas e outras leituras, levando-me a desdobramentos diante dos signos de linguagem estabelecidos, por vezes, no plano do inconsciente para possibilidades de fabulação em gênese aos movimentos da natureza.
ECOSSISTEMA DE UM ECLIPSE
Para atravessar um eclipse nos organizamos em grupos ou com acessórios que possam facilitar a transformação celeste, materiais para desviar do olhu nu. No entanto, outras criaturas, outros habitantes do planeta também se preparam para testemunhar esse evento em nosso ecossistema compartilhado. Tenho refletido sobre os fatores que nos distanciam desse espaço coletivo e nos fazem acreditar em uma distância entre os recursos naturais que autoriza a sua exaustão. A era antropocena tem despertado várias habilidades em nós, incluindo a separação; tendemos a pensar que montanhas, peixes e outros seres vivos não fazem parte e que estariamos alheios a essas vidas.
ONDE AS COBRAS DORMEM?
Entretanto, existem diversas tradições ao nosso redor que nos lembram da possibilidade da harmonia entre todos os seres vivos. Povos que carregam consigo legados e sabedorias valiosas. Suas memórias têm sido preservadas ao longo dos anos, especialmente os povos originários e descendentes de africanos que foram trazidos para o território com suas tradições e culturas estabelecidas que se diluem nesse novo território. Essas memórias, práticas e saberes se entrelaçam e, ao mesmo tempo, se constrói no nosso imaginário e paisagem.
COMO MEDIR OUTROS TEMPOS?
Pergunto-me como podemos medir outros tempos além daquele marcado pelos relógios, observo para esse trabalho - os relógios solares- uma das primeiras tecnologias feito pelo humano e definidoras para medição do tempo nas comunidades. Considerando os diversos impactos que a medição do tempo tem causado até os dias atuais. Proponho que repensemos a medição do tempo e suas sombras, criando essa espécie de um relógio de um eclipse, utilizando as sombras projetadas pela escultura como se o desenho formado pela escultura e se movesse durante o dia pela luz solar. Isso nos permitirá reconsiderar nossa relação com a contagem cartesiana do tempo e reconhecer e talvez re imaginar que outras possibilidades de experimentar o tempo.
ESTADO DE PRESENÇA
Os dois círculos manipulados, ensaiam um encontro do sol com a lua, O Bambu. Este material, escrito inicialmente aqui com letra maiúscula, possui uma variedade de valores agregados em suas diversas aplicações. O bambu é crucial nas tecnologias ancestrais de populações originárias e tradicionais, simbolizando e compartilhando expertise e alianças entre nós. Sua versatilidade permite seu uso na arquitetura, em rituais, na medicina tradicional, na confecção de utensílios, e até mesmo em instrumentos musicais e entre outros. A estrutura da escultura, que consiste em quatro arcos curvos que vão projetar uma sombra que vai ser desenhada no chão a partir do movimento do sol. Hoje a bioconstrução e bioarquitetura utilizam esse material para gerar autonomia à construção civil, gerando outras possibilidades de habitação e transformação social. A escultura honra e revitaliza conhecimentos e práticas tradicionais para promover a manutenção de tecnologias através da escultura e da colaboração com comunidades e tradições.

















